Editorial

Os constantes avanços em eletrônica e das ciências da informação desde o início do século passado, influenciados pela necessidade de manter a supremacia e a soberania durante as duas Guerras Mundiais, bem como por questões da inteligência de Estado e da disputa na vanguarda tecnológica, surtiram efeitos que transformaram profundamente a sociedade, período compreendido como Guerra Fria.

Com o advento da rede mundial de computadores – internet – houve maior difusão do conhecimento e do acesso a informação, que, em um cenário de realimentação positiva, contribuiu para a aceleração do desenvolvimento tecnológico e consequente popularização das ciências. Lembro que quando estudava eletrônica nos anos de 1990, em um livro técnico que li, o autor mencionou que “como o preço dos computadores estava ficando mais acessível, um bom profissional precisava conhecer um pouco de programação, pois poderia se deparar com um computador em uma indústria ou mesmo, algum dia, comprar seu próprio PC”. No entanto, atualmente, há computadores em praticamente todas as residências e estabelecimentos – PCs, laptops, smartphones, tablets, smart TVs, etc.

Esse contexto de acelerado desenvolvimento e difusão tecnológica contribuiu para mudanças nos processos de produção de conhecimento, visto que o meio científico também foi presenteado com o desenvolvimento e constante aperfeiçoamento de equipamentos sofisticados de suporte para vários campos, como sequenciadores automatizados de DNA, termocicladores para PCR em tempo real, citômetros de fluxo, microscópios eletrônicos e diversos equipamentos e instrumentos analíticos. Contudo, muito desse progresso é devido à formação de equipes ou grupos de pesquisa interdisciplinares, ou seja, equipes que reúnem profissionais de várias áreas do conhecimento.

Atualmente, a palavra interdisciplinaridade é o escopo da pesquisa científica. Por exemplo, técnicas de modelagem por computador podem ajudar a entender como agentes infecciosos, a exemplo da COVID-19, podem se disseminar por meio de pequenas partículas excretadas no espirro.

Nesse sentido, o LIPH Science Journal tem como bandeira a interdisciplinaridade das ciências no âmbito acadêmico, e apresenta nesta edição os seguintes títulos de artigos:  Primeiros casos da doença de Creutzfeldt-Jakob notificados em Uberaba, Minas Gerais, Brasil; Sintomatologia da infecção por micobactéria não-tuberculosa; ATA Carnet: Instrumento de venda e exportação temporária em feiras internacionais; Formação discente em auditoria interna de custos hospitalares: relato de experiência; Percepção de graduandos sobre a dissecação como método de ensino-aprendizagem em anatomia humana; e Recensão da produção de proteínas de fase aguda, interleucinas e espécies reativas de oxigênio em adultos submetidos à cirurgia cardíaca sob circulação extracorpórea com ou sem suplementação de ácido ascórbico.

Tendo em vista que a geração do conhecimento transforma a sociedade e, por sua vez, a interdisciplinaridade transforma os meios de produção do conhecimento, convido-o a uma boa leitura e desejo que os temas abordados neste número o instigue a buscar novas descobertas inovadoras.

 

Cumprimentos,

 

Jorge Marcelo Marson